Rolling Stones em Matão


Após dez anos sem realizar um show no Brasil, a banda Rolling Stones retorna para a turnê "América Latina Olé Tour 2016", com apresentação na capital paulista nesta quarta-feira (24) e no sábado (27), e muitos fãs já se preparam para o espetáculo. Mas, o que muitos deles não sabem, é que Mick Jagger e Keith Richards têm uma relação antiga com o Estado de São Paulo, mais precisamente com Matão.

Tudo começou com uma briga no fim de 1968, no auge da banda, quando os dois passavam o réveillon no Rio de Janeiro. Eles tiveram uma briga com os seguranças do hotel, fugiram para São Paulo e o banqueiro Walther Moreira Salles ofereceu sua fazenda no interior para que a dupla se escondesse dos holofotes.
“Eles queriam fugir um pouco do alvoroço de ficar muito na mídia, já que faziam tudo que a sociedade julgava errado. Eram os caras que andavam com roupas rasgadas, cabelos cumpridos e, para a época, era um baque muito grande para as pessoas”, contou Matheus Carvalho, jornalista e criador do documentário "Aliens 69: Quando os Rolling Stones invadiram Matão".

A visita deveria ser sigilosa, mas a chegada dos Rolling Stones e suas respectivas namoradas movimentou a cidade.
Segundo os moradores, os "aliens", como eram chamados pelos trajes diferentes, andavam pelo Centro e visitavam os principais pontos históricos.
Hospedados por duas semanas na Fazenda Boa Vista, Mick Jagger e Keith Richards também gostavam de se informar sobre aquilo que estava sendo divulgado. 
“Queriam saber tudo, esperavam apavorados para ver se tinha alguma notícia na Inglaterra, então comecei a levar todo dia o jornal de manhã. Tinha uns cachorros muito grandes, então só eu podia entrar. A namorada do Mick Jagger [Marianne Faithfull] que vinha buscar na escada com uma camisola branca, toda transparente. Eles chegavam da rua toda vez brincando, beliscando, um cara muito bacana”, contou Wanderleu Zanoni, ex-porteiro da fazenda.
Diversão
Durante a maior parte do dia, os novos hóspedes eram vistos na piscina da fazenda ou no porão, onde descansavam, tocavam violão e guitarra e bebiam latinhas de cerveja, algo novo para o país em 1969.
“Foi ali que eles compuseram a música Honky Tonk Women. O Keith Richards diz no livro dele que, na verdade, em 69, foi a música Country Honk, só depois ela veio a se tornar Honky Tonk Women”, explicou Carvalho.
“Eles estavam sempre com cigarros na boca e as latas de cerveja, que nem existiam aqui. O mais impressionante era a liberdade que eles tinham, não queriam saber se tinha cozinheira, arrumadeira de quarto, eles só levantavam e saiam pelados pela cidade, não estavam nem aí”, relatou o ex-porteiro.
“Uma vez a gente teve o privilégio de vê-los na piscina, curtindo. Em volta eles colocavam velas e uma coisa que chamou muita atenção foi a cerveja, latinha de cerveja. ‘Meu Deus, o que é isso?’, contou Fátima Calza, fã da banda.
Durante a estadia, os músicos também decidiram fazer uma festa junina e convidaram um sanfoneiro profissional para tocar.
“Segundo o cara que tocou, o Mick e o Keith também tocaram sanfona, mas, nessa festa em específico, Keith Richards se envolveu muito mais com a afinação da viola caipira”, contou Carvalho.
Lembranças
Para quem viveu essa época e admira a banda, as lembranças permanecerão guardadas. “Acho que a maior relíquia fica dentro do coração, é uma daquelas relíquias que você não vai apagar nunca. Eu vi de pertinho e ainda ganhei um tchauzinho. Na piscina, eu vi eles peladões, coisa que no show as pessoas não vão ver”, disse Fátima.
“A gente costuma falar aqui, com um orgulho no coração, que Matão fez parte da história do rock”, finalizou Carvalho.
Fonte: G1

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